O toque

Nas grandes cidades, as pessoas costumam ser mais individualistas, as vezes melancólicas e até perdidas na imensidão das ações, atitudes, rotinas e das diferenças sociais e religiosas.
Nas primeiras cena do filme 'Crash - No limite', o detetive Graham (interpretado pelo ator Don Cheadle) reflete seu sentimento ao andar nas ruas da sua cidade : "Numa cidade de verdade, você anda e esbarra nas pessoas...ninguém toca você. É o sentido do tato. Acho que sentimos muita falta do toque. Damos encontrões uns nos outros para sentirmos alguma coisa" .
Deus encarnou e viveu como um humano.
Existe um atributo que se destaca na sua vida como homem aqui na terra: o toque.
Ele tocava e se permitia ser tocado por qualquer pessoa.
Certa vez, um leproso na Galileia chegou perto dele , ajoelhou-se e suplicou: "Se quiseres, podes purificar-me". Sabe-se lá quanto tempo aquele leproso não era tocado por alguém. Jesus o tocou e disse: "eu quero, seja purificado". Muito além de curá-lo da lepra, o toque de Jesus devolveu àquele homem a dignidade. Em outra ocasião no meio de uma multidão, ele teve sensibilidade para distinguir em meio a todos os esbarres o toque de uma mulher que sofria de hemorragia a 12 anos. Independente das multidões que o cercavam, ele via cada pessoa de forma individual. Uma outra vez, estando perto o tempo em que deixaria este mundo, cingiu-se com roupas de empregado e lavou os pés cansados e sujos dos seus discípulos, deixando um exemplo de humildade para todos nós.

Ele encurtava a distância entre ele e os necessitados. Sendo Deus, humilhou-se na forma de servo e serviu a humanidade dando seus ensinamentos, seu toque, seu abraço e sua vida.

Mas essa idéia de toque é apavorante...

Talvez seja melhor permanecer no egoísmo, melancolia, rotina, na mera intelectualização, na discussão política e teológica, na religiosidade e nos acomodarmos confortavelmente na indiferença e seguir o curso natural dos esbarres desse mundo.

Assim agente não suja as mãos e nem nossa roupinha...